segunda-feira, 20 de junho de 2011

Crescimento econômico, juros e dignidade humana

Uma população estimada em 10,5 milhões de brasileiros - equivalente ao Estado do Paraná - vive em domicílios com renda familiar de até R$ 39 mensais por pessoa. São os mais miseráveis entre 16,267 milhões de miseráveis - quase a população do Chile - contabilizados pelo governo federal na elaboração do programa Brasil sem Miséria.
Os dados são do Censo 2010 recém-divulgados pelo IBGE que municiaram a formatação do programa federal e oferecem uma radiografia detalhada da população que vive abaixo da linha de pobreza extrema, ou seja, com renda familiar de até R$ 70 mensais por pessoa
São brasileiros e brasileiras invisíveis ao radar da dignidade humana. Que vegetam ao nosso lado, nas cidades e nos grotões rurais. Que sofrem e continuarão vítimas da nossa indiferença cívica e cidadã até sermos capazes de agregar dignidade ao nosso crescimento econômico, como é a tentativa do governo federal através do programa Brasil sem Miséria.
É um programa que tem o apoio e mobilização do PDT. Mas é inadmissível que numa economia como a nossa, em que o governo brasileiro gastará R$ 230 bilhões com o pagamento dos juros neste ano, que ainda tenhamos pessoas, brasileiros como nós, vegetando com míseros R$ 39,00 por mês.
É praticamente impossível a gente ter noção do significado de R$ 230 bilhões que o governo gastará com juros. Por isso, fiz algumas contas para nos ajudar.
Se você dividir R$ 230 bilhões por 10,5 milhões de brasileiros, cada um teria o  equivalente a R$ 1.825 mensais, ao longo do ano.
Se a gente incluir em nossas contas o total de miseráveis do Brasil, com ganhos inferiores a R$ 70 por mês, que somam 16,267 milhões de pessoas, ainda assim poderíamos repassar para cada um R$ 1.178,25, todo mês, durante 12 meses.
Mas em vez de minorar nossa miséria, esses R$ 230 bilhões serão gastos pelo governo federal para financiar os juros de uma dívida pública interna que sangra o país.
E deixa no seu rastro milhões de miseráveis. Uns que são obrigados a viver com menos de 70 reais por mês. E outros, que são nada menos que 10,5 milhões de brasileiros, que vegetam com R$ 39 por mês.
Portanto, erradicar a miséria no Brasil não pode ser mais uma plataforma que muitos embarcarão de olho nas próximas eleições. A proposta e a determinação da presidente Dilma Rousseff devem nos sensibilizar a ponto de resgatar a nossa dignidade e colocá-la a serviço de um País que não aceita mais conviver com cidadãos mantidos na miséria, verdadeiros mortos-vivos, enquanto que se gasta no pagamento de juros o dinheiro que poderia ter solucionado a situação a curto prazo.
Como cidadãos e eleitores, como trabalhadores e brasileiros somos cúmplices da atual situação de miséria. Pois não se trata mais de falta de informação. Sabemos como o Brasil é sangrado pelos juros da dívida pública.
Precisamos, apenas, deixar bem claro, com todo o vigor de nossa dignidade cívica, que não queremos mais continuar cúmplice de uma política econômica que sangra nossas riquezas e deixa no nosso meio mais de 16 milhões de miseráveis.
Dinheiro tem para erradicar a miséria. E o governo da presidente Dilma verá, com o apoio de cada um de nós, que teremos que escolher a política econômica que nos garanta a dignidade cívica e cidadã.
Uma política de uma Pátria Mãe, que protegerá cada um de nós da miséria absoluta. Para podermos cantar, com vigor, nosso Hino Nacional: “Dos filhos deste solo és mãe gentil, Pátria amada, Brasil!
Adonis Bernardes, presidente do PDT de Santo André

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