quarta-feira, 16 de novembro de 2011

Negro e cidadão

Adonis Bernardes, presidente do PDT de Santo André

Um estudo realizado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), recentemente publicado, mostra que pela primeira vez na história brasileira a população negra é de 97 milhões de brasileiros, ou 6,5% superior ao total de brancos, que segundo o último censo demográfico do IBBE era de 91 milhões de brancos.
A população negra brasileira cresceu 29,3% nos últimos dez anos. Em 2001, 75 milhões de pessoas se declararam negras. Já o total de declarantes brancos se manteve praticamente inalterado.
Atribui-se o crescimento da população negra à taxa de fecundidade das mulheres negras que é 0,5% superior a das mulheres brancas.
“Além disso, a redução do preconceito, o fortalecimento dos movimentos negros e a inclusão social também estimulam mais pessoas a se declararem pardas", afirma a técnica de planejamento e pesquisa do Ipea Ana Amélia Camarano.
O cientista político e professor do curso de comunicação da UFMG Dalmir Francisco, ouvido pelo jornal “Em Tempo” acredita que os dados revelam o crescimento da consciência do negro brasileiro sobre sua própria condição étnico-racial. "Abraçar essa identidade e ascendência significa enfrentar e desafiar a discriminação. As declarações representam mais uma vitória da democracia e da luta contra o racismo e a desigualdade", diz o professor.
Conscientes de nós mesmos, como negros e pardos, é hora, acreditamos, de traçar as estratégias rumo à cidadania plena. Porque as mulheres negras são mais férteis por que continuam a engravidar muito mais cedo do que as brancas, por falta de apoio social, econômico e educacional.
Só a cidadania plena evitará que os jovens negros, entre 15 e 29 anos continuem como vítimas preferenciais das mortes por causas externas evitáveis que atinge 24,3% entre os negros para 14,1% entre os brancos. "Os negros ainda estão mais expostos à violência, justamente por causa do preconceito", declarou Ana Amélia ao jornal.
As mulheres brancas também têm maior participação no mercado de trabalho. Os dados do Ipea apontam que 36,1% da população feminina branca contribui para a renda familiar e cerca de 75% está inserida no mercado (na faixa entre 25 a 35 anos). Entre as negras, a colaboração nos rendimentos corresponde a 28,8%, e a inserção da mesma faixa é de aproximadamente 70%.
O que nos leva à concluir que ser maioria negra da população, de maneira consciente e declarada, é apenas o primeiro estágio para nos darmos conta que ainda falta muito a fazer para conquistarmos nossa cidadania plena.
Que será conquistada com a mobilização e voto consciente de nossas comunidades e organizações sociais (sindicatos, ONGs e partidos políticos) para transformarmos nossas reflexões, que ocorrem em torno de 20 de Novembro, o Dia da Consciência Negra, em avaliações positivas a respeito de um Brasil muito melhor e muito mais justo porque terá garantido a condição cidadã à sua população de maioria negra.

Transferir o conhecimento da UFABC para nossas comunidades

Adonis Bernardes, presidente do PDT de Santo André
Na semana passada, iniciamos um debate para motivar e mobilizar as lideranças políticas e sociais de Santo André e do Grande ABC para se criar uma agenda mínima em torno da qual vamos ajustar o nosso voto nas eleições do ano que vem.
O primeiro tema é a Universidade Federal do ABC (UFABC). Mais do que ter uma universidade em nossa região é importante que saibamos integrar esse centro de saber à nossa cidadania.
Em vez de tratar a universidade como um local para onde mandamos nossos filhos, é muito importante que aprendamos a aprender com os professores e alunos da escola, nas suas mais variadas disciplinas. Para tanto, é preciso assumir a escola como nossa referência do saber.
No site da UFABC ficamos sabendo que: “A UFABC promove o conhecimento racional primário e, apesar do foco sobre o avanço da ciência e tecnologia - elegendo pesquisas como o instrumento principal para alcançar objetivos -, estimula um sistema educacional que encoraja o corpo discente a fazer suas próprias escolhas, a assumir riscos e aceitar desafios.”
E continua: “O compromisso principal com a sociedade é recuperar a apreciação pelo conhecimento científico e revelar a beleza inerente aos mistérios da natureza, ocultos em um objeto matemático. A pretensão dessa iniciativa é demonstrar que conhecimento não deve ser vinculado apenas a demandas de mercado sazonais, mas, acima de tudo, à evolução e iluminação do espírito humano.”
Existe, portanto, a disposição de se integrar o saber universal que ali é produzido com nossa comunidade. Mas se nós, enquanto organizações populares, sindicatos e partidos políticos não criarmos a interação necessária com o conhecimento que é continuamente produzido, teremos uma belíssima universidade desconectada da nossa realidade.
E quem precisa do saber para melhorar nossas vidas e dos nossos filhos somos nós. Por isso, vamos sim estimular nossos jovens a ingressarem na UFABC. Mas vamos também procurar os dirigentes da universidade para transferirmos conhecimento para nossas comunidades.
Pois enquanto existir crianças morrendo de doenças que poderiam ser evitadas por uma informação adequada, ou homens e mulheres sofrendo em ambientes insalubres, por exemplo, significa que não estamos assimilando a visão crítica que só o saber produzido por uma universidade do porte da UFABC tem condições de transferir para nossas organizações sociais.

sexta-feira, 4 de novembro de 2011

Detalhar, com diálogo, nosso futuro imediato

por Adonis Bernardes, presidente do PDT de Santo André

A democracia brasileira se confirma a cada dois anos. Nas eleições municipais, temos a oportunidade de interferir com nosso título eleitoral dos destinos de nossas escolas, postos de saúde, iluminação pública, investimentos em moradia e o que pode ser feito para melhorar a segurança pública.
Nas eleições para presidente da República e para governadores, deputados federais e estaduais e senadores, temos como confirmar nossas vontades para o futuro do nosso País, que passa necessariamente pelos locais em que vivemos, mas que também devem ser resolvidos no plano federal, ou seja, as políticas de distribuição de renda, de valorização do salario mínimo e do Fim do Fator Previdenciário, por exemplo.
Mas tanto a nível federal como no municipal a gente só pode organizar as mudanças através de nossa participação política a partir do detalhamento do que queremos e do que é possível conseguir.
Antecipar o detalhamento do que precisamos socialmente nos ajuda a comprometer os candidatos antes, durante e após suas campanhas políticas. E, neste caso, nosso voto se torna cada vez mais consciente porque só vamos escolher o candidato ou candidata que se alinha com o que queremos. E com votos mais conscientes vamos, claro, melhorar nossa democracia.
É para ajudar nossa cidadania a criar as condições básicas para avançarmos conscientes para as próximas eleições, o PDT de Santo André inicia a partir da próxima semana a discussão de sua proposta de Programa de Governo, a partir dos seguintes pontos:
1. Universidade Federal do Grande ABC – vamos estimular o debate em torno da conquista que a universidade significa para os jovens, trabalhadores, lideranças políticas e empresariais das cidades do Grande ABC;
2. Inclusão social do jovem e do adolescente – Vamos mobilizar candidatos e lideranças empresariais, políticas e sindicais para que criarmos políticas públicas para proteger econômica e socialmente nossos jovens que, atualmente, estão desamparados e obrigados a buscar quaisquer tipos de ocupação, porque lhes faltam empregos e oportunidades;
3. Bilhete único – Integrar todo o sistema de transporte da região em torno do Bilhete Único;
4. Pólo tecnológico – Estimular políticas públicas para integrar todas os avanços econômicos, intelectuais e sociais que já conquistamos na região, para consolidar o pólo tecnológico que nos permita aproveitar as oportunidades deste Século 21, em torno da tecnologia de ponta;
5. Choque administrativo na Saúde – Infelizmente, em Santo André estão brincando com nossa saúde. Faltam seriedade e investimentos com competência. Nossa administração atual está doente e só vai ser curada com um choque de votação para conseguirmos gerenciar com seriedade os recursos da saúde. Necessários, principalmente, para salvar vidas e garantir bem-estar para a população mais necessitada.
6. Segurança Pública – integrar as ações das prefeituras e das guardas civis metropolitanas com as ações da Secretaria de Segurança Pública do Estado e com a Polícia Federal para melhorar o desempenho das ações a favor da segurança nos bairros e municípios da região;
7. Moradia – Organizar e combinar os investimentos das prefeituras, do governo do Estado e do Minha Casa Minha Vida para agilizar a urbanização das comunidades, das favelas e cortiços e acelerar a construção de novas moradias para os cidadãos que hoje são obrigados a gastar grande parte de suas rendas com aluguéis.
Venha discutir o Programa de Governo do PDT. Suas idéias serão determinantes para melhorar as políticas públicas adotadas por aqueles que pretendem nos governar. Desde já. Porque assim como a nossa vida, a democracia precisa ser ajustada todos os dias, através do diálogo e da troca de ideias permanentes.